ENTREVISTA COM O CRÍTICO MÁRIO BARATA*

Paulo Cheida Sans**

        A importante função do crítico de arte no esquema cultural de uma sociedade é insubstituível. A revista Olho Latino entrevista o professor e crítico de arte Mário Barata, radicado no Rio de Janeiro.
Mário Barata tem uma presença significativa por suas participações como membro de júri, ensaios críticos e pelo seu trabalho a favor da história e da crítica de arte. A seguir estão alguns trechos da entrevista:

Foto: Reprodução
Mário Barata

        Qual a função da crítica de arte ?
        A crítica de arte é vitalmente uma situação de aproximação com a arte, que pode configurar-se como suscitadora de modalidades (ou ser vigente em várias modalidades) de estudo da realidade artística. Há pois uma modalidade múltipla de abordagem da arte, já que existem diversas realidades, que podem ser simultâneas ou sucessivas no tempo - em momentos históricos variados -, mas válidas através da sua permanente representação, já que essa vigência cronológica da arte é uma de suas características essenciais.
Sendo pois uma maneira de estudo, a crítica possui suas conexões teóricas e metodológicas e é isso que aqui tomamos a liberdade de apontar como variações ou variantes da crítica das artes visuais, presente na cultura de dada época, cada tempo apto a estudar e valorizar um ou mais efetivos ou virtuais setores criadores. O partidarismo sectário não pode dar conta da multiplicação de setores e de campos de ação ou de criação do fenômeno artístico.
O valor das associações de críticos em uma engrenagem construtiva e democrática da cultura e de sua gestação é inestimável. Sem o jogo claro e franco dessas associações, a distribuição camuflada de benesses passa a ser uma questão de poder e freqüentemente um mistério corruptor.

        Muitos salões de arte e exposições em Centros Culturais e Galerias são realizados sem a participação de um crítico de arte na comissão de seleção. O que você acha a respeito de tal ocorrência ?
        Penso que tal ocorrência é grande falha.

        Os críticos podem ser artistas plásticos e vive versa?
        Sim, podem.

        É difícil surgirem novos nomes na crítica de arte? Por quê?
        Não é difícil e vêm surgindo. Há uma Associação brasileira de críticos de arte, atualmente com sede em São Paulo. Faltam seções fixas de crítica de arte e outras críticas em jornais e revistas.

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Mário Barata é Presidente de Honra e Sócio Fundador da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Autor de várias publicações, participou como membro de júri de importantes eventos, entre os quais: por duas vezes como membro de júri internacional da Bienal de Paris; da parte nacional da Bienal Internacional de São Paulo e do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro; da 2ª Bienal Nacional realizada em Salvador, BA, e de Salões de Arte, em Campinas, SP, entre outros.

Formação:

. Curso de Museologia - Museu Histórico Nacional - Rio de Janeiro (1939-1940).
. Curso de Ciências Sociais - Licenciatura na Faculdade Nacional de Filosofia - Rio de Janeiro (1939-1941).
. Curso de Didática da História - Faculdade Nacional de Filosofia - Rio de Janeiro (1942).
. Licenciatura em História da Arte pelo "Institut d'Art et d'Archeologie" da Université de Paris - Sorbonne, França (1946 -1948).
. Doutor em História da Arte pela Universidade do Brasil, Rio de Janeiro (1954).
. Conservador de Museus no Museu Nacional de Belas Artes (1942 a 1947) e no
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1947-1954), Rio de Janeiro.
. Professor Catedrático por concurso de História da Arte, na Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ de 1954 a 1969, Rio de Janeiro. Foi afastado da cátedra pelo AI-5, de governo discricionário, em abril de 1969.

Funções Atuais:

. Professor Emérito de História da arte da UFRJ (IFCS e EBA), Rio de Janeiro.
. Professor Emérito de História da Arte da UNI-Rio.
. Membro do Conselho e ex Vice-Presidente da Association Internationale dês Critiques d'Art, Paris, França.
. Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

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* Entrevista concedida a Paulo Cheida Sans em 2000.

**Curador do Acervo Olho Latino
Professor da Faculdade de Artes Visuais - CLC - PUC-Campinas.